30.11.05 

o meu Tempo 6: texto do Quebra-Luz

a luz do quarto escassa pobre dispersa no teu
corpo descalço e desprezado

há um quebra-luz sobre o teu sonho
houve liberdade em tempos de outras vidas para ti
há um livro fechado
ao teu lado
(já o leste na sombra da tua sombra do teu quarto?)

a luz quebrada das palavras encerradas num corpo que já não é teu!

29.11.05 

Outro texto 5: Quero Sonhar

Quero sonhar…
Quero ter asas e poder voar…
Quero dançar à chuva…
Quero passear na areia…
Sentir o mar nos meus pés…
O vento nos cabelos…
Quero apaixonar-me por ti a cada olhar…
Quero amar-te cada vez mais em cada beijo...
Quero um beijinho à esquimó… Quero um bebé a correr pela casa, umas mãozinhas com chocolate… um pai babado… um sorriso enorme… uma gargalhada estridente… um “mamã” traquinas…
Um sol radiante… uma manhã dourada… cortinas dançantes… uma brisa…
Uma mão que entrelaça a minha… uns olhos que procuram os meus… uma vida...
Vamos sonhar… voar… dançar… sentir o vento e o mar… cantar… gritar… chorar... viver? Sorrindo…
Anda… vem comigo… fecha os olhos…
Adoro os teus cabelos de prata… o teu sorriso doce… falas pausadamente… tens um olhar carinhoso… aqueces-me… já não somos o que éramos… fomos felizes, abraças-me… viverias o mesmo outra vez?

Uma vida… Queres partilhá-la comigo? Anda… Vamos com o vento…

Poema: Inês F. Espada

---------- ---------- ----------

Sentir o mar nos meus pés
vento nos cabelos
quero

um beijinho à esquimó. quero um bebé a correr pela casa.
um sol radiante. uma manhã dourada. cortinas dançantes. uma brisa.
Uma mão que entrelaça a minha
olhos que procuram os meus

anda vem comigo fecha os olhos
adoro os teus cabelos de prata. o teu sorriso doce. falas pausadamente. tens um olhar carinhoso. aqueces-me. já não somos o que éramos. fomos felizes. abraças-me.
viverias o mesmo outra vez? uma vida


Poema reformulado por: M. Tiago Paixão

---------- ---------- ----------

dançar à chuva.
um beijinho à esquimó, um bebé corre pela casa.
dançar uma vida a chuva.

fomos felizes: anda, vem comigo.

Poema reformulado por: hugo milhanas machado

28.11.05 

Qualquer coisa 2: "Sad Eyes"


Sudden start
Things are slow
You're watching all these speeding cars
Moving like you wish you could
But oh, it's too bad
'Cos they drove away your happiness and good times

But I'm gonna get you into the light
And I'm gonna find a way that is right
And I'm gonna get you into the light
And make it okay

Sad eyes
You are the only one whose blue skies are grey
So don't cry
You'll be the only one to make them go away

You're so young
And so bored
You are staying now till late 'cos he was what your husband hated
But oh, it's too bad
Cos he has stolen now all your happiness and good times

But I'm gonna get you into the light
And I'm gonna find a way that is right
And I'm gonna get you into the light
And make it okay

Sad eyes
You are the only one whose blue skies are grey
So don't cry
You'll be the only one to make them go away
Yeah you could make them go away

It took a lot of tears
But oh, you had to find those
Sympathetic years
The ones you left behind him

It took a lot of tears
But oh, you had to find those
Sympathetic years
The ones you left behind him

But I'm gonna get you into the light
And I'm gonna find a way that is right
And I'm gonna get you into the light
And make it okay

Sad eyes
You are the only one whose blue skies are grey
So don't cry
You'll be the only one to make them go away

Sad eyes
You are the only one whose blue skies are grey
So don't cry
You'll be the only one to make them go away

Yeah you could make them go away
Things are gonna go your way
Oh they're bound to go your way






- de Josh Rouse (2005)

26.11.05 

o meu Tempo 5: No Momento















Estar aqui e estar agora
Neste momento que é o Momento
De todas as decisões que têm de
Ser tomadas por alguém

Se não fosse aqui e se não fosse agora
Quando seria e o que seria
O Momento?
Quem seria alguém? Quando seria alguém?

Mas agora é! Aqui é!
Alguém tem de decidir já
Por que se não for neste momento
O Momento vai passar…

Sentei-me para o ver melhor

- em Sentimentos Sobrepostos (2005)

25.11.05 

Outro texto 4: Momentos

Olhou-o naquela manhã dourada
Ele sorriu
Era aquilo… pequenos
Momentos como aquele
que os tornavam mais felizes

Ele abraçou-a
enquanto lençóis deslizavam ao sabor da manhã
Ela sentiu-O…

Momentos verdadeiros, como estes,
não voam com o vento
são fortes demais…
Momentos verdadeiros como estes
ficam gravados com o sol da manhã,
com a brisa da tarde, e
o doce anoitecer de uma paixão inocente que amanhece amor…

de toda uma vida.

Ainda o sinto…

- de Inês Espada com M. Tiago Paixão

 

o meu Tempo 4: LUA Primeira

(lua cheia com fumo em cima)
por lugares improváveis
onde me aconteces e me dizes
sim. não. talvez.
ou então provavelmente
o teu olhar mente
quando não
os teus lábios talvez
ou então sim

e dizes
A lua. posso cantar mais baixinho e mais devagar

A lua não passa disseste rápido
(rápidos passos de rua por calçadas antigas)
Acho que me passou
Não. isso não pode
(uma escada desce por, debaixo dos nossos pés)
Porquê?
O teu olhar não deixa, percebes
Não sei bem…
Está sempre lá, sempre-sempre, como esteve antes de nós
Antes de Nós não acredito
(em mim, o coração descontrola-se, eu com ele)
Acredita
Na lua?
Em mim
(um beijo, a face ruborizada de súbito)
Em mim
(o sol quase-nascente)
Achas que passou?
A lua?
Tu
A lua não passa digo-te rápido
(atravessa-me, não passes)

24.11.05 

Outro texto 3: o jardim do éden

ainda vejo nas ondas do mar
os teus seios dela que
nos dividiu em homem e mulher
sem que nunca o amor entre ti
entre ela entre nós
saboreasse nas nossas bocas
e no nosso tacto

se moro na praia e tu
e ela
moram em mim como três só
nunca será demais voltar e saber
ao que a tua inveja cheira

e da costela do homem criei o
pecado

- de Rui Alberto

23.11.05 

Outro texto 2: calendário

mudo, aguardo.

talvez em surdina,
talvez histérico.
talvez.

aguardo apenas a explosão da língua.
aguardo apenas a explosão da matéria

mínima e máxima

de que se nutre

e se envenena

o mundo.


- de hugo milhanas machado

 

o meu Tempo 3: M

misteriosa como o nevoeiro que encobre
e me impede de pensar

Começo pelo meio da viagem
e fico pelo beijo que nos separa
Conheço-te dos livros e das histórias de criança
e adormeço num sono profundo que sem ti não

Inesperadamente, a tua fotografia enevoada
e branda aparece em mim. Sinto-te mais
perto ainda que não te consiga ver
Estranhamente, a inquietação cessa
ao mesmo tempo da tristeza desiludida,
o que fica é ilusão miragem de perfeição
na névoa

magnética, atrais-me sem saber
e fazes-me perder o norte…

a vida a pulsar descontrolada
e resta-me a Intuição

Respiro-te, Inspiro-me, Expiro.

21.11.05 

Outro texto 1: Confissão

Não amei bastante meu semelhante,
não catei o verme nem curei a sarna.
Só proferi algumas palavras,
melodiosas, tarde, ao voltar da festa.

Dei sem dar e beijei sem beijo.
(Cego é talvez quem esconde os olhos
embaixo do catre.) E na meia-luz
tesouros fanam-se, os mais excelentes.

Do que restou, como compor um homem
e tudo que ele implica de suave,
de concordâncias vegetais, murmúrios
de riso, entrega, amor e piedade?

Não amei bastante sequer a mim mesmo,
contudo próximo. Não amei ninguém.
Salvo aquele pássaro - vinha azul e doido -
que se esfacelou na asa do avião.

- em Claro Enigma (1951), de Carlos Drummond de Andrade

 

o meu Tempo 2: E se me olhasses mais devagar

no verão não pode ser por causa do sol
que brilha mais tempo, mas,
num dia de outono, com a luz certa
enevoada, e se tu,
e se me olhasses mais devagar
e se não houvesse tempo ou ele mais devagar
ou se quisesses reparar num só pormenor,
no brilho dos meus olhos a olhar-te
e se me olhasses mais devagar,
num dia como este,
irias perceber tudo de uma vez…
tem de ser de dia, preciso da (tua) luz incolor

Tens em ti este céu que é teu
Este dia sem cor, o céu que sou eu


- em Sentimentos Sobrepostos (2005)

20.11.05 

o meu Tempo 1: Delírio Intermédio












Quem és tu agora?

Apareces sem chegar sem aviso
A mesma luz noutro corpo
Nitidez que se perde

Conheço-te sem saber que és
Desde que abri a janela

Agora és tu de novo…

Já te vi noutras caras noutras vidas
A mesma luz que me cega
Sombra que se ganha

Sei quem és sem te conhecer
Demasiado forte demasiado quente


- em Sentimentos Sobrepostos (2005)

 

Qualquer coisa 1: AVISO AO PSEUDO-INTELECTUAL


“Ser novo é não ser velho. Ser velho é ter opiniões. Ser novo é não querer saber de opiniões para nada. Ser novo é deixar os outros ir em paz para o Diabo com as opiniões que têm – boas ou más, que a gente nunca sabe com quais é que vai para o Diabo.”

“Ó meninos: estudem, divirtam-se e calem-se. Estudem ciências, se estudam ciências; estudem artes se estudam artes; estudem letras se estudam letras. Divirtam-se com mulheres, se gostam de mulheres; divirtam-se de outra maneira, se preferem outra. Tudo está certo, porque não passa do corpo de quem se diverte.

Mas quanto ao resto, calem-se. Calem-se o mais silenciosamente possível.

Porque há só duas maneiras de se ter razão. Uma é calar-se, que é a que convém aos novos. A outra é contradizer-se, mas só alguém de mais idade a pode cometer.

Tudo mais é uma grande maçada para quem está presente por acaso. E a sociedade em que nascemos é o lugar onde mais por acaso estamos presentes.”

- em “Aviso por causa da Moral” (1923), de Álvaro de Campos

 

uma Qualquer apresentação


O Momento vai passar…
Sentei-me para o ver melhor


Ainda o tempo. Um homem escreve e é o vértice máximo na geometria das constelações, simbiose de correspondências nervosas – organismo de tecidos híbridos: uma corola contorcida no revolver da água. Um avanço, um recuo. O abandono à espiral multicolor em que se espera por um barco de papel, desejo de silêncio, baptismo de aromas e seios de água: o prazer da combustão. E daqui não se pode fugir: sempre exististe como sempre vais existir. Como o ondular cintilante do lago ao beijo da pedra.

M. TIAGO PAIXÃO nasce em Lisboa no ano de 1982 e estuda actualmente na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Não calça luvas.



hugo milhanas machado
(posfácio a Sentimentos Sobrepostos, 2005)

M. Tiago Paixão


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