30.5.06 

o meu Tempo 32: poema para henri cartier-bresson 74 anos depois de Hyeres

há uma porta
ausente do vosso olhar
ausente como o vosso olhar
ou como os vossos olhos fechados
e os meus olhos fechados
que me guiam pela mão
a mesma que segura o corrimão
que me segura ao corrimão
a esta minha mão ausente e por outro lado aberta

há um corrimão inesgotável
aparentemente dois
um comentário despropositado
tão sem sentido como o próprio sentir
desta coisa de metal
que é talvez muito menos metal
do que o metal que cobre tantas vezes os olhos
de um espectador desatento
metálico

há um homem que quer
uma força que acontece
um esforço que se consegue
pelo esforço do fazer
pelo pedalar incessante
sugestão aqui proposta para se fazer o movimento
imitação de vento
mimesis de natureza
tão viva como a própria cor

há um caminho cortado
uma estrada sem fim à vista
com fim na imagem
com uma finalidade sem fim para o seu actor
irregular sim
irregular como sempre henri
como a forma irregular
deste olhar que me dás ou te roubo
e entro

há um momento
onde não sei onde estou
quando não sei onde vou
e acontece-me esta mudança
que decorre da vontade
que decorre da procura
que decorre do silêncio
de sair do nome estar para o verbo ir
perceberás porquê?

há a pedra suja da parede ou do chão
ou das duas coisas
na verdade apenas uma
ou pelo menos na verdade aparente
a única da qual tenho certeza de poder tocar
ou pelo menos olhar
como te tocaria a ti
tu que sentes de braços cruzados
perante esta e todas as imagens

há um degrau
depois outro e sempre outro
e há este caminho diferente
estendo-te a minha mão
para o abismo
a zona escura neste olhar partilhado
captado do teu para o meu
de partida
para...

há um céu que somos
e por isso não estamos ali
somos céu de nós mesmos
tecto invisível e diagonal
somos também imagem e imagem de nós
e é deste ponto apenas que podemos olhar
correcção
e é deste ponto apenas que podemos ver
acontece aqui a passagem de um ciclista

o que vejo?
uma teia inumana
uma escala de cinza sem som
e um insecto-homem
em fuga para a frente
ou para fora
ou para o silêncio
que existe aqui nesta sala
a preto e branco

sobre a imagem?
todas as perguntas pertinentes
ou mesmo as impertinentes
talvez estas sejam as mais úteis
como sempre
serão postas à consideração do leitor
depois deste matar
da melhor maneira possível
o espectador sentado, sentado na fila da frente

Talvez em ti acabem hoje todas as nascentes


© M. Tiago Paixão (2006) - Todos os direitos reservados

28.5.06 

o meu Tempo 31: Morte

São olhares desiludidos que me olham
São sentimentos desnutridos

A morte anda no ar
Cheiro-a em olhares perdidos
Que se ressentem quando os tento tocar

É a morte do sentir
Numa indiferença de cansaço


- em Sentimentos Sobrepostos (2005)

26.5.06 

Outro texto 29: Fluir

Talvez em ti acabem hoje todas as nascentes,
e nas rugas que, numa e noutra face,
esculpiram o medo e a sabedoria,
se possa ler em comovido olhar
o princípio, o meio e o fim desse caudaloso
fluir que outrora chamámos vida.
Talvez agora, tal como ontem e sempre,
comece a própria morte,
aquilo que nos devora,
aquilo que nos convoca para o silêncio e para
a mão que escreve, sonâmbula e feroz,
estremecendo.


- em Agora e na Hora da Nossa Morte, de José Agostinho Baptista

19.5.06 

Qualquer coisa 24: Movimento de Cidadãos Solidários


"No mundo existem mais de 850 milhões de seres humanos que têm fome. Diariamente morrem no mundo 35 mil pessoas vítimas da fome.
Na última década, a ajuda dos países mais ricos aos países mais pobres do planeta, contrariando todos os apelos e todas as expectativas, diminuiu .
Os 22 países doadores - os países da OCDE - que há muitos anos se comprometeram a oferecer 1% da sua riqueza anual aos mais pobres, não atingem na média os 0,25% do seu PNB (exceptuam-se os países nórdicos - os únicos que atingiram a meta prometida).
Os países doadores deram aos mais pobres em 1997 o equivalente ao que os europeus gastaram em tabaco nesse ano... Relatório do PNUD,1998)
Largos recursos estão disponíveis na economia mundial, mas não são utilizados no Desenvolvimento humano."
Torna-te membro deste Movimento (isto não é publicidade partidária!):

16.5.06 

Qualquer coisa 23: Single honesty




- de Edward Dimsdale




Toned Silver Gelatin print from a paper negative 8"x10"
Edition of 22

13.5.06 

Outro texto 28: Sinais de fogo

Sinais de fogo, os homens se despedem.
exaustos e tranquilos, destas cinzas frias.
E o vento que essas cinzas nos dispersa
não é de nós, mas é quem reacende
outros sinais ardendo na distância
um breve instante, gestos e palavras.
ansiosas brasas que se apagam logo.




- em Visão Perpétua (1967); de Jorge de Sena

10.5.06 

o meu Tempo 30: (Ainda o Tempo)

Vida dupla não que não tenho duas caras
tripla de certo
como as faces do tempo que se cruzam por mim


- em Sentimentos Sobrepostos (2005)

5.5.06 

o meu Tempo 29: demissão

-
absoluto silêncio é a falta
o espaço em branco
a página vazia
a carga que se converte em penalidade
tanta falta que me fazes nesta noite
e em todas as pausas que não chegam a ser
absoluto
perfeito
silêncio ou o suicídio do som
(o homem que pede: levanta-te e anda)
sozinho com uma caneta e a mão
imaginada em todos os livros por escrever
onde cabe apenas a pausa ausente
sentida
(o homem que diz: levanta-te e anda)
num movimento mimético
único e final
e afinal tudo não é mais do que tu
e a falta que me fazes nesta noite
onde estou em falta e em silêncio
(levanto-me e caio no vazio)
enquanto penso e perdi a minha palavra favorita
que nunca ganhei
.

2.5.06 

Qualquer coisa 22: o novo album - documentário

Video:Pearl Jam - Off The Record
by PearlJam

1.5.06 

Qualquer coisa 21: World Wide Suicide




veja em Som Com Imagem - www.scivideo.blogspot.com


i felt the earth on monday. it moved beneath my feet.
in the form of a morning paper. laid out for me to see.

saw his face in a corner picture. i recognized the name.
could not stop staring at the. face i'd never see again.

it's a shame to awake in a world of pain
what does it mean when a war has taken over

it's the same everyday in a hell manmade
what can be saved, and who will be left to hold her?

the whole world...world over.
it's a worldwide suicide.

medals on a wooden mantle. next to a handsome face.
that the president took for granted. writing checks that others pay.

and in all the madness. thought becomes numb and naive.
so much to talk about. nothing for to say.

it's the same everyday and the wave won't break
tell you to pray, while the devils on their shoulder

laying claim to the take that our soldiers save does not equate,
and the truth's already out there

the whole world,... world over.
it's a worldwide suicide.

the whole world,... world over.
it's a worldwide suicide.

looking in the eyes of the fallen you got to know
there's another, another, another, another
another way

it's a shame to awake in a world of pain
what does it mean when a war has taken over

it's the same everyday and the wave won't break
tell you to pray, while the devils on their shoulder

the whole world,... world over.
it's a worldwide suicide.

the whole world,... world over.
it's a worldwide suicide.

M. Tiago Paixão


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