30.3.06 

o meu Tempo 25: Terra - Ar

o meu suor
os mesmos lençois
a mesma cama
o mesmo quarto
a mesma casa
as mesmas ruas
a mesma cidade
o meu suor


este ar irrespirável
que me respira


o mesmo odor
o mesmo aroma
o meu terror
o meu suor

o teu cheiro
o mesmo cheiro
Tu


- em Sentimentos Sobrepostos (2005)

26.3.06 

Qualquer coisa 17: Quase Perfeito



Sabe bem ter-te por perto
Sabe bem tudo tão certo
Sabe bem quando te espero
Sabe bem beber quem quero

Quase que não chegava
A tempo de me deliciar
Quase que não chegava
A horas de te abraçar
Quase que não recebia
A prenda prometida
Quase que não devia
Existir tal companhia

Não me lembras o céu
Nem nada que se pareça
Não me lembras a lua
Nem nada que se escureça
Se um dia me sinto nua
Tomara que a terra estremeça
Que a minha boca na tua
Eu confesso não sai da cabeça

Se um beijo é quase perfeito
Perdidos num rio sem leito
Que dirá se o tempo nos der
O tempo a que temos direito

Se um dia um anjo fizer
A seta bater-te no peito
Se um dia o diabo quiser
Faremos o crime perfeito

- em Tudo é para sempre... (2005), de Miguel A. Majer, para Donna Maria

(http://donna-maria.blogspot.com/)

24.3.06 

o meu Tempo 24: De certeza


Se um dia a tua alma se confundir com a minha
De novo...
Pode ser real ou pode ser só sonho
E este sol que não se apaga
Eu sei que tu sabes o que eu sinto
Tu sentes... e queima-te!


- em Sentimentos Sobrepostos (2005)

21.3.06 

Outro texto 24: Casa

Tentei fugir da mancha mais escura
que existe no teu corpo, e desisti.
Era pior que a morte o que antevi:
era a dor de ficar sem sepultura.

Bebi entre os teus flancos a loucura
de não poder viver longe de ti:
és a sombra da casa onde nasci,
és a noite que à noite me procura.

Só por dentro de ti há corredores
e em quartos interiores o cheiro a fruta
que veste de frescura a escuridão. . .

Só por dentro de ti rebentam flores.
Só por dentro de ti a noite escuta
o que sem voz me sai do coração.


- em Infinito Pessoal ou a arte de amar(1962); de David Mourão Ferreira

19.3.06 

Qualquer coisa 16: algumas mudanças

ultrapassada a "barreira" das 5ooo visitas ao blog, decidi imprimir-lhe algumas pequenas alterações

espero que gostem deste "novo" espaço e que continuem a contribuir com os vossos comentários e e-mails

estou e estarei sempre disponível para escutar as sugestões de todos

17.3.06 

Qualquer coisa 15: ...

Imagine

15.3.06 

Outro texto 23: As palavras são coisas

Falamos das coisas e elas acontecem
por isso ciciamos o que nos pede o corpo

não são as coisas só aquilo que dizemos
nossas pobres palavras não as dizem inteiras?

As palavras são coisas, extremas, luminosas,
quando tu dizes porta, há uma porta que se abre

quando tu dizes sexo, há um amor que se cumpre
não sabemos sequer o poder das palavras

nem o poder das coisas nem o poder dos rostos.
As coisas são palavras feridas pela morte

são agulhas finíssimas que trespassam a noite
os teus lábios dizem coisas os teus lábios cintilam

por eles fala o mundo, por eles se faz o oiro
pois o mundo acontece sempre que o pronuncias.

- em Hotel Spleen (2002), de Bernardo Pinto de Almeida

13.3.06 

Outro texto 22: Vestígios

noutros tempos
quando acreditávamos na existência da lua
foi-nos possível escrever poemas e
envenenávamo-nos boca a boca com o vidro moído
pelas salivas proibidas - noutros tempos
os dias corriam com a água e limpavamos líquenes das imundas máscaras

hoje
nenhuma palavra pode ser escrita
nenhuma sílaba permanece na aridez das pedras
ou se expande pelo corpo estendido
no quarto do zinabre e do álcool - pernoita-se

onde se pode - num vocabulário reduzido e
obcessivo - até que o relâmpago fulmine a língua
e nada mais se consiga ouvir

apesar de tudo
continuamos e repetir os gestos e a beber
a serenidade da seiva - vamos pela febre
dos cedros acima - até que tocamos o místico
arbusto estelar
e
o mistério da luz fustiga-nos os olhos
numa euforia torrencial


- em Horto de Incêndio (1996), de Al Berto

10.3.06 

Qualquer coisa 14: Eleanor Rigby













Ah, look at all the lonely people
Ah, look at all the lonely people

Eleanor Rigby picks up the rice in the church where a wedding has been
Lives in a dream
Waits at the window, wearing the face that she keeps in a jar by the door
Who is it for?

All the lonely people
Where do they all come from?
All the lonely people
Where do they all belong?

Father McKenzie writing the words of a sermon that no one will hear
No one comes near.
Look at him working.
Darning his socks in the night when there's nobody there
What does he care?

All the lonely people
Where do they all come from?
All the lonely people
Where do they all belong?

Eleanor Rigby died in the church and was buried along with her name
Nobody came
Father McKenzie wiping the dirt from his hands as he walks from the grave
No one was saved

All the lonely people
Where do they all come from?
All the lonely people
Where do they all belong?

este fim de semana veja o vídeo em www.scivideo.blogspot.com

7.3.06 

o meu Tempo 23: um acordar propositadamente limpo de sentidos...

um acordar propositadamente limpo de sentidos
noite sem sonhos permanentes sem tinta
talvez sobre só um vestígio de sobra de sombra
que é esse sabor a borracha na boca
de apagar um esboço qualquer feito a lápis de carvão
claro
o dia que agora começa meio apagado que é
ou apagado a meio ou apagado pelo meio
claro
como a clara imposição de ti na enigmática palavra que colocas entre ( ).

3.3.06 

o meu Tempo 22: Entresol

espera
procuro(a) a escada com o olhar
atrás de mim um sorriso triste
(encontrarei outro mais tarde talvez em enigma talvez mais solicitado)
gosto de me sentar no chão
gosta de sentir o solo
um pouco pisado
(antiquiteés égytiennes)
pesa-me nas costas a memória
ou a memória de costas encerrada numa cave
a tua história
(médiéval)
nos meus ouvidos alguém diz
I thought the world Turns out the world thought me It's all the other way round We're upside down
ouve

1.3.06 

Qualquer coisa 14: A Coluna Partida



As marcas do sofrimento físico e da cultura mexicana, aspectos marcantes da vida da pintora Frida Kahlo, vão ser revelados ao público pela primeira vez em Portugal a partir de sexta-feira no Centro Cultural de Belém, noticiou a agência Lusa.

Vinte e seis quadros, fotografias, diários, vestidos semelhantes aos que usou e outros objectos pessoais integram esta exposição, apresentada esta quarta-feira aos jornalistas numa visita guiada ao centro com a presença do director do Museu Dolores Olmedo Patiño, de onde provém a exposição.

A maior e mais completa exposição sobre a obra de Frida Kahlo (1907-1954) realizada nas últimas décadas na Europa já passou pela Tate Modern de Londres e a Fundación Caixa Galicia, em Santiago de Compostela, abrindo agora ao público português.

Carlos Phillips Olviedo disse aos jornalistas que o museu «tem tido inúmeras solicitações para exposições não só na Europa mas também fora», as mais recentes para a China, Coreia, Turquia, Brasil, Chile, Bélgica e Itália.

«O movimento das obras é grande, mas tentamos sempre que fiquem pelo menos seis meses no México, onde Frida Kahlo ainda é considerada um ícone da arte e um símbolo nacional, mesmo para as gerações mais jovens», referiu.

Passados 51 anos sobre a sua morte, a pintura de Frida Kahlo continua a despertar um grande interesse do público, atraído pelo dramatismo de uma pintura marcada pelo sofrimento físico devido à doença e relações amorosas complexas.

Entre 1926, quando pintou o seu primeiro auto-retrato, e a sua morte, quase trinta anos depois, Kahlo produziu cerca de duas centenas de quadros.

A obra de Kahlo foi influenciada por uma época de grande ebulição política e social no México, resultado da revolução ocorrida em 1910.

Amante da cultura tradicional mexicana, em especial do legado Azteca, esta artista autodidacta descreveu o seu drama pessoal através da figuração e de cores intensas, chegando a ser inserida pelos críticos no movimento Surrealista.

«Pensaram que eu era Surrealista, mas nunca fui. Nunca pintei sonhos, só pintei a minha própria realidade», disse um dia Frida Kahlo.

Devido a um grave acidente sofrido aos 16 anos, a artista passou grande parte da sua vida imobilizada, foi alvo de diversas operações, não conseguiu ter filhos e padeceu sempre de dores fortes.

Este sofrimento é expresso em quadros como «A Coluna Partida» (1944), «O Camião» (1929), «Unos Quantos Piquetitos» (1935), «Hospital Henry Ford» (1932) e «Auto-Retrato com Macaco» (1945).

A exposição ficará patente até 21 de Maio no Centro Cultural de Belém.

(fonte: PortugalDiário,
www.portugaldiario.iol.pt)

M. Tiago Paixão


Creative Commons License

Todos os trabalhos publicados neste espaço estão protegidos. Creative Commons License

  • A a Z
  • almanaque23
  • a manh'ser
  • Amnesty International
  • Amnistia Internacional
  • A Naifa
  • angry alien productions
  • APEL
  • A P P
  • A Razão tem sempre ...
  • A Revolta dos Pastéis...
  • Arrastão
  • As Time Goes By
  • As Tormentas

  • Bestiario
  • Blind Zero
  • Boémia
  • Borderline
  • Borges, Jorge Luis...
  • Bus Stop

  • Caixa de Hai Kai
  • Cartas a Licio
  • c a s a d e o s s o
  • Casmurro
  • cefalópode
  • Chuva Diluviana
  • Citador
  • City Lights
  • Concord
  • ContasDeUsar
  • Control Arms
  • Cromo dos Cromos

  • Da Vertigem ao Abismo
  • Dave Matthews Band
  • Deus me livre de ter...
  • Desnudar Clepsidra
  • Dictum in Insomnia
  • Donna Maria

  • Ecletismo Musical
  • Editors
  • electricalBanana
  • Espaço Nauseabudo...
  • Estado Civil
  • Estranha Forma de Vida
  • Est. Literários Comparados
  • Est. Portugueses FCSH
  • Eurostep

  • Franz Ferdinand
  • Fundação do Gil

  • Gávea
  • Gato Fedorento
  • Global Call

  • Há Vida Em Markl
  • Henri Cartier-Bresson
  • Hugo Milhanas Machado
  • Human Rights Watch

  • IELT
  • Instantes Perfeitos
  • I P L B

  • John Register
  • johnyweirdo
  • Jornal de Poesia
  • Jornalismo
  • Josh Rouse

  • LetraSoltas
  • Leitura Partilhada
  • Liberdade de Educação
  • Livro Aberto
  • lol’s blog

  • Mais Ou Menos ...
  • magma silhueta
  • Make Poverty History
  • Make Trade Fair
  • Meia Lua Inteira
  • MUSE
  • Músicas Sem Fronteiras
  • MyLostWords

  • Na Escuridão da Noite
  • no meu umbigo
  • Not_Alone
  • Núcleo Duro

  • O Amigo do Povo
  • O que diz Molero
  • Oikos
  • O Melhor Blog...
  • One
  • ossa et cinera
  • Oxfam International

  • p. em forma de nuvem
  • Pearl Jam
  • perguntar não ofende
  • Plataforma ONGD
  • Play it Again
  • Presidente Honesto
  • Pobreza Zero
  • primeira primavera
  • Psicopata
  • Puzzle

  • Rafael Dionísio
  • Respigarte

  • SaltWaterThoughts
  • Sally Mann
  • scorpionica
  • Sombra do Amor
  • som da tinta
  • Soul to Squeeze
  • SPA

  • Tasca da Cultura
  • Take a Break
  • Teia de Ariana
  • Through the looking glass
  • Travis
  • Trilho
  • TVNET

  • uikebom
  • utopia_outro dia

  • Xfm

  • Yolanda Castaño


  • [ENGLISH VERSION]




  • Support Amnesty International

    Powered by Blogger