28.4.06 

Quarquer coisa 20: Serrage bride


- de Alexandre Viktine

Serrage Bridge, Sous station Les Acqueducs, Juillet, 1970

Gelatin silver print, dry-mounted to archival board. 120 x 160 cm

25.4.06 

o meu Tempo 28: era de tarde e ainda é...

era de tarde e ainda é
demasiado tarde para um homem sem vontade
as mãos nos bolsos denunciavam
uma impotência que queria esconder
e já não quer
era de tarde e há sol
e ainda é demasiado tarde
e ainda há um tempo ao contrário
e ainda sobra um regresso por fazer
e há sol
e há um raio que não chega
para um homem sem vontade
com as mão ocultas num vazio impotente
que queria e ainda quer
às vezes quando a tarde deixa de ser
deixar de esconder

23.4.06 

Outro texto 27: Zona seca em clareiras onde incidem

Zona seca em clareiras onde incidem
os brilhos isolados
do sol que se despenha
no corpo separado e não distingue

a terra do céu pálido ou o corpo
da vida arruinando
a solidão e separando mais
na zona seca o corpo das mortais

detonações da vida arruinado
Clareiras desta zona
de brilhos apagada

céu de clareiras secas detonando
contra o brilho do corpo despenhando
a sua sede e contra a terra pálida

- de Gastão Cruz

21.4.06 

Qualquer coisa 20: Rasuna Complex Construction


- de Sebastião Salgado

Rasuna Complex Construction, Financial District of Kuningan, Jakarta, Indonesia, 1996

18.4.06 

Qualquer coisa 19: Rue Bertin Poirée

- de Jacques Villeglé

Rue Bertin Poirée (1969);
collage mounted on canvas 30 x 60 3/4 inches

15.4.06 

o meu Tempo 27: Saudade

Entre histórias de silêncio e som
Álcool e feridas por fechar
Palavras tuas saem pelos meus lábios
Entreabertos

Dei sem dar e beijei sem beijo.
Saudade
Destinos trocados por ti e por mim
A vagar, taciturno, entre o talvez e o se.

- em Sentimentos Sobrepostos (2005)

13.4.06 

o meu Tempo 26: O Dom

O flash nos teus olhos semi-serrados
polaroid
fotografias instantaneas de felicidade
experimenta sorrir
agora
já és minha

- em Sentimentos Sobrepostos (2005)

11.4.06 

Outro texto 26: breves impressões tiradas de um jornal 448 dias antes da morte de joão cabral

o tempo passa penso

joão pensa mas não vê
não mira miró
não se ilumina
não arquiteta palavra no papel
não sabe ditar nem geometria

joão cabral de melo neto
não ama
não dança
não sevilha
não descansa
não joga futebol pelo américa de pernambuco

joão cabral de melo
não mata
não toma aspirina
não severina a dor por trás da retina
não constrói
não rói a parede de apipucos

joão cabral
não amadurece
mas escuta em silêncio o silêncio
- a música da morte -
e cultivando seu deserto como um pomar às avessas
joão apodrece

-de Celso Borges

(Celso Borges é de São Luís do Maranhão, onde nasceu em 1959. Poeta, jornalista e letrista, vive em São Paulo há 17 anos. Parceiro de Chico César e Zeca Baleiro, entre outros, tem seis livros de poesia publicados: Cantanto (1981); No instante da cidade (1983); Pelo avesso (1985); Persona non grata (1990); Nenhuma das respostas anteriores (1996) e XXI (2000), este último um livro/CD. Lança ainda este ano Música, com a participação de mais de 50 poetas e compositores. Nos últimos dois anos apresentou-se no Tim Festival (SP) dentro do projeto Bumba Beat, de Otávio Rodrigues (2004); Baile do Baleiro, do compositor Zeca Baleiro (2004); e projeto Outros Bárbaros, do Itaú Cultural.)

4.4.06 

Outro texto 25: Se houvesse degraus na terra...

Se houvesse degraus na terra e tivesse anéis o céu,
eu subiria os degraus e aos anéis me prenderia.
No céu podia tecer uma nuvem toda negra.
E que nevasse, e chovesse, e houvesse luz nas montanhas,
e à porta do meu amor o ouro se acumulasse.

Beijei uma boca vermelha e a minha boca tingiu-se,
levei um lenço à boca e o lenço fez-se vermelho.
Fui lavá-lo na ribeira e a água tornou-se rubra,
e a fímbria do mar, e o meio do mar,
e vermelhas se volveram as asas da águia
que desceu para beber,
e metade do sol e a lua inteira se tornaram vermelhas.

Maldito seja quem atirou uma maçã para o outro mundo.
Uma maçã, uma mantilha de ouro e uma espada de prata.
Correram os rapazes à procura da espada,
e as raparigas correram à procura da mantilha,
e correram, correram as crianças à procura da maçã.

- de Herberto Helder

1.4.06 

Qualquer coisa 18: Legend of the Nile


- Paul Klee

Legend of the Nile (1937); Pastel on cotton cloth mounted on burlap, 69 x 61 cm (27 1/8 x 24 in); - Kunstmuseum Bern

M. Tiago Paixão


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